Vetores: Urbano
Resumo: A realização do skate de rua (street skate) em São Paulo não se circunscreve apenas a imponentes espaços públicos que toleram uma confluência de práticas citadinas, a regiões onde ocupações populares são patentes, a equipamentos urbanos obsoletos e degradados e tampouco a contextos periféricos marcados por certas limitações urbanísticas. Ela ocorre na medida em que os picos – termo nativo que designa equipamentos urbanos (bancos, escadas, corrimãos etc.) onde são realizadas as manobras dos praticantes – são descobertos, utilizados e apropriados. Portanto, como os rolês para tais fins são intermitentes, a coexistência de disputas, negociações, subversões e intervenções se faz presente de maneira regular em incontáveis espaços da cidade, inclusive em áreas enobrecidas onde a presença, circulação e manobras dos skatistas são consideradas como incabíveis e, por vezes, repugnantes. É o que acontece, por exemplo, nas paisagens de poder do quadrante sudoeste paulistano, sobretudo nas principais avenidas que compõem as novas centralidades da cidade. Ao levar em conta tal contexto, a apresentação pretendeu revelar como jovens citadinos questionam premissas que permeiam lugares próprios marcados por esperadas univocidades e estabilidades por meio de suas artimanhas, percepções, maneiras e experiências e contribuem, assim, para a redefinição do espaço enquanto um lugar praticado com a apregoação de novas leituras e valores simbólicos.
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Giancarlo Machado
Doutor e mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros (PPGDS/Unimontes-MG). Professor adjunto vinculado ao departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes-MG). É pesquisador do Núcleo de Antropologia Urbana (NAU/USP). É autor do livro De carrinho pela cidade: a prática do skate em São Paulo (Ed. Intermeios/FAPESP) e organizador da coletânea Entre Jogos e Copas: reflexões de uma década esportiva (Ed. Intermeios/FAPESP). É coordenador da coleção Entre Jogos no âmbito da Editora Intermeios. Possui experiência na área da Antropologia, com ênfase em Antropologia Urbana, Antropologia da Juventude e Antropologia dos Esportes. É membro da Rede de Estudos e Pesquisas sobre Ações e Experiências Juvenis (REAJ) e associado efetivo da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) desde 2010.